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As vezes tenho a sensação de não pertencer a essa mundo, me acho intensa demais pra viver aqui. Cada dia que passa vejo a frieza aumentar, o descaso cada vez mais presente e a indiferença se instalando nos corações. Hoje em dia, sobrevive aquele que se importar bem menos ou quase nada; aquele que consegue agir com tamanha frieza, e essa frieza vai além de uma auto proteção. Confesso que ainda tô tentando me acostumar com tudo. Quando penso que já vi de tudo, a vida vem e me mostra que sempre tem mais a se aprender. 

Nem sempre eu tô preparada pra lidar com isso tudo, na verdade, quase nunca. Não é porque muitas vezes eu aceito de boa, sem bater o pé, que eu tô bem. Muito pelo contrário, tem coisa que a gente aceita porque não depende só da gente e porque não adianta fazer birra, espernear, a vida nunca segue nosso roteiro. Acredito que com o tempo, vamos aprendendo a controlar mais as nossas emoções, mas, a verdade é que esse lado nunca deixa de existir, pelo menos comigo. Sempre me culpei muito por me deixar ser guiada pelo emocional, não que o racional não estivesse presente, mas, sei que se eu deixasse ele falar mais alto eu teria evitado muita coisa. Mas, tudo bem, todo dia a gente aprende um pouco mais. 

Também sei me defender, tenho minha proteção, e das poucas vezes que me desarmei totalmente para deixar pessoas se aproximarem de mim, eu me machuquei, e de forma inconsciente fui ficando cada vez mais resistente. Repito: não deixa de doer, só muda o fato como eu encaro a dor. Nem sempre é fácil, têm dias que são mais complicados, que dá vontade de se virar do avesso e tirar cada pedacinho podre, frágil e que me incomoda tanto, a ponto de eu não conseguir ser guiada apenas pela razão. Eu sei, estrago muitas coisas, porque eu sempre me importo demais, sabe? Eu demoro a gostar, a querer, mas, quando eu resolvo sentir algo, eu sinto muito. 

Admiro essas pessoas que conseguem se jogar, ir pelo coração e depois seguem em frente, caso dê errado, e não se arrependem, admiro mesmo. Em alguns momentos até já fui assim, mas, a parte de "que poderia ter sido diferente" sempre vem. Não vivo de arrependimentos, a ponto de perder o sono, só que sou  capaz de enxergar que muitas vezes eu poderia ter calculado um pouco mais os riscos, que muitas vezes eu deveria ter seguido o que minha intuição colocou na minha cara, mas, não, eu tenho essa mania boba e estranha de acreditar que sempre pode ser diferente. 

Tô com uma bagagem pesada demais, no entanto, tô caminhando. Meio cansada, desacreditada e torcendo que em algum momento, o fardo se torne mais leve. Mas, tudo bem, se não se tornar, a gente vai seguindo e uma hora a gente aceita de vez. Aceita que não adianta quantas vezes a gente tente se proteger, chega uma hora que nada é suficiente, a vida sempre nos surpreende, e nos faz ver que nada fica sob nosso controle o tempo todo. 

Tenho aprendido, devagar, mas, assim é melhor pra eu não me desgastar o tempo todo. Um passo de cada vez, pra ver se eu tropeço menos. E deixa assim: o coração bem guardado, porque ele tá cansado de se ferir. 

Comentários

  1. Que lição para mim vivo isso tudo desse texto.mais não sei passar para o papel.

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    Respostas
    1. As vezes não conseguimos passar para o papel por não ser o momento ideal ou porque talvez você seja melhor falando, cantando ou de algum outro jeito! Descubra sua melhor forma de expressar seus sentimentos, seus pensamentos. Existe um jeito, você só precisa descobrir o jeito certo.

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